Crônica | Namorado, notícias e almoço em família
- Letícia Kartalian
- 12 de jan. de 2015
- 14 min de leitura

Sentada na escrivaninha do meu quarto, pensava em como começaria meu discurso.
Não sei onde estava a cabeça da professora de Artes quando decidiu fazer um maldito sorteio com os melhores alunos de todas as turmas de terceiros anos para escolher quem seria a oradora da Colação de Grau.
Pois é, eu, Melissa Bittencourt, vou ser a oradora esse ano.
Até pode parecer, pela imponência de meu sobrenome, que sou uma pessoa comunicativa e “aparecida”, mas sou totalmente ao contrario, odeio ser o centro das atenções e não sou muito boa quando o assunto é falar em publico. Claro que eu tentei persuadir minha professora a mudar de ideia, mas ela se tornou irredutível.
Ideias eu tinha, claro, afinal, não via a hora de terminar o Ensino Médio, visando ingressar na faculdade de Letras. Só não esperava que um bloqueio fosse me acometer justo agora.
Mas havia um motivo: nervosismo!
Além das provas finais e do discurso em que eu não havia escrito nem duas frases, um almoço – uma reunião em família – onde eu apresentaria alguém muito importante para todos os meus familiares, Leonardo, meu namorado.
Estamos juntos desde o começo do Ensino Médio, há três anos.
Sentada na escrivaninha do meu quarto, pensava em como começaria meu discurso.
Não sei onde estava a cabeça da professora de Artes quando decidiu fazer um maldito sorteio com os melhores alunos de todas as turmas de terceiros anos para escolher quem seria a oradora da Colação de Grau.
Pois é, eu, Melissa Bittencourt, vou ser a oradora esse ano.
Até pode parecer, pela imponência de meu sobrenome, que sou uma pessoa comunicativa e “aparecida”, mas sou totalmente ao contrario, odeio ser o centro das atenções e não sou muito boa quando o assunto é falar em publico. Claro que eu tentei persuadir minha professora a mudar de ideia, mas ela se tornou irredutível.
Ideias eu tinha, claro, afinal, não via a hora de terminar o Ensino Médio, visando ingressar na faculdade de Letras. Só não esperava que um bloqueio fosse me acometer justo agora.
Mas havia um motivo: nervosismo!
Além das provas finais e do discurso em que eu não havia escrito nem duas frases, um almoço – uma reunião em família – onde eu apresentaria alguém muito importante para todos os meus familiares, Leonardo, meu namorado.
Estamos juntos desde o começo do Ensino Médio, há três anos.
Já nos conhecíamos, temos muitos amigos em comum, mas nunca havíamos nos visto de outra forma que não como amigos, até uma festa na casa de uma amiga, dias antes do Ano Novo.
Viramos muito amigos para logo em seguida engatar um namoro. Até aí tudo certo, o problema era que eu não sabia o que meus pais, principalmente meu pai, iriam pensar.
Entramos num acordo, onde – se ainda estivéssemos juntos – contaríamos aos meus pais em minha formatura, onde estaria me tornando mais independente e poderia tomar minhas próprias decisões.
Eu só não contava que meu pai fosse surtar quando minha irmã mais velha, Mariana, de 25 anos, anunciou que estava noiva! Ela namorava Rodrigo desde a época da escola, e meu pai sempre gostou dele por ser responsável, ter projetos futuros e uma estabilidade financeira aos 18 anos.
Ela havia me contado tudo, sobre o pedido, mostrado a aliança, sobre o quão romântico ele havia sido e que teria de contar logo para o papai.
Confesso que o jantar foi ideia minha! Era óbvio que, para dar uma noticia dessas, era necessário algo que reunisse todos para que fosse dito tudo de uma vez.
Mariana adorou a ideia e decidiu que cuidaria de todos os detalhes, desde os pratos a serem servidos, até a decoração da mesa, assim como foi para a cozinha com a ajuda da empregada da casa preparar todos os pratos.
Os convidados? Além de meus pais e eu, Mariana chamou os pais de Rodrigo e o irmão mais velho dele, que já era casado, aos seus 36 anos.
Corria tudo muito bem, até após o jantar, na hora da sobremesa, onde os dois acharam que seria o momento oportuno para anunciar as “boas novas”!
Ledo engano!
Meu pai se engasgou com o bolo, minha mãe cuspiu o suco todo e eu comecei a dar risadas!
Por que minha família tinha que ser tão complicada?
O primeiro pensamento de meu pai, depois de saber que Mariana também havia organizado tudo, assim que foi anunciado que ele havia a pedido em casamento, foi que ela estava grávida.
Como, em pleno século 21, alguém, pode ter esses tipos de pensamentos? Ninguém mais se casa somente por causa de uma gravidez!
Depois daquele jantar, fiquei com trauma e nunca mais ajudei a planejar nem um almoço para o fim de semana! E rezava para que o dia de minha formatura demorasse muito a chegar!
Demorou longos dez meses, o tempo do noivado até o casamento, para que ele aceitasse que sua filha iria casar.
Só esperava que ele não surtasse quando eu contasse sobre Léo e eu.
Minha mãe estava animada! Havia recebido um telefonema do diretor para uma reunião e contava com a presença dela e de meu pai.
Claro que eu já sabia do que se tratava: uma reunião com os pais de todos os formandos, onde eram recolhidos fotos de infância, depoimentos dos familiares e dos amigos que serão exibidos no telão da festa e todo aquele blá-blá-bla...
Eu tinha coisas mais importantes do que se minha mãe chorasse no vídeo, tinha que me preparar psicologicamente para o almoço que acontecerá depois da formatura na escola, sendo a festa somente à noite, portanto, uma preocupação à parte.
Já o almoço em família que minha mãe estava organizando, contava com mais ou menos trinta pessoas, entre minha família, com tios, primos, os pais de Leonardo, que era considerado meu melhor amigo, minha irmã e seu marido, assim como alguns amigos que não iriam comemorar essa data.
Isso me apavorava! Tinha medo da reação dos meus pais, e se fosse tão ou mais absurda da de quando Mariana e Rodrigo noivaram, eu estou ferrada. Vai ser vexame publico para toda a família e para os amigos.
No dia de minha formatura, com meu discurso pronto, depois de todas as homenagens e dos discursos dos professores, me sai muito bem discursando.
Um frio na barriga estava presente, mas o jeito era encarar e que desse tudo certo.
Meu vestido era branco, tradição de oradora da escola, rendado e não muito curto.
Assim que cheguei, coloquei a beca vermelha, e fui ao meu lugar junto aos demais alunos. Leonardo estava bem ao meu lado, já que pela ordem de chamada da turma, eu sou a pessoa atrás dele.
Havíamos conversado pela manhã, onde ele me deu força para discursar na frente de todos e assumir nosso relacionamento aos nossos pais.
Assim que me sentei ao seu lado, com um sorriso e numa fala com os olhos, me dizendo que estava bonita, segurou minha mãe enquanto ouvíamos os diretores Nicholas e Kevin falar.
Ao chegar a hora do meu discurso, meio cambaleante, caminhei até o púlpito de acrílico localizado na outra extremidade do palco.
Assim que cheguei lá, vendo meus pais, comecei meu discurso, que apesar de curto, era direcionado para todos os presentes e eu tinha certeza de que Leonardo, meus amigos e, assim que eu lhes revelasse a “novidade”, meus pais também entenderiam minhas palavras.
“Bom dia a todos! Creio que alguns de você me conheçam, outros nunca devem ter ouvido falar e devem estar comentando: ‘Quem é essa louca de vestido branco que está discursando? ’
Eu sou Melissa Bittencourt, uma garota que hoje, sai muito satisfeita dessa escola, onde fez muitas amizades, conheceu muitas pessoas, que marcaram, de forma boa ou ruim.
Convivi com todos os professores dessa instituição e me sinto grata por ter conhecido tanto o lado profissional, nas aulas, quanto o lado afetivo, nas festas e confraternizações, onde pude estar conhecendo a família e perceber que os professores tem sim uma vida fora daqui, que eles também namoram, casam, tem filhos.
Com meus colegas, aprendi a valorizar as grandes amizades, aprendi a correr riscos e a guardar segredos, conquistei uma segunda família, que estaria comigo desde as festas mais badaladas, até aos almoços chatos e reuniões familiares, onde todos os seus parentes fazem questão de contar seus piores momentos e divulgar aquela foto de você na banheira.
Aprendi o quão importante são seus familiares nas horas mais difíceis, onde teve que pedir ajuda para resolver alguma questão matemática para a próxima aula, ou quando tinha que estudar para a prova algum assunto que não havia compreendido e contado com a paciência e dedicação dos pais nessa tarefa. Só eles para te agüentarem nos momentos onde você estava irritado por não ter conseguido uma nota boa na prova de Física ou de TPM.
O Ensino Médio nos preparou para o futuro, para o ingresso na faculdade, para a realização dos nossos sonhos.
Claro que sempre vai ter a turma do fundão, que te atrapalha o ano todo e no ultimo bimestre quer sentar com vocês para estudar, aqueles dias em que você quer jogar uma bomba em todo mundo, os dias em que sua imaginação está fluindo e você se imagina lá, no topo, no lugar que está reservado a você se for capaz, e onde ao seu lado, estará a pessoa mais importante, aquela em que você dividirá seus sonhos, e quiçá a vida, aquele que te deu apoio nos momentos mais críticos, aquele que esteve com você nos momentos onde tudo o que queria era ficar sozinha...
Não desista, esse não é só um namoro de Ensino Médio!
A todos que dividiram com alguém, seja a família, amigos, um amor, seja bem vindo ao seu futuro, que esteja disposto a passar por todos os desafios sem desistir, lute e seja um vencedor sempre!
Viva aos formandos do TRF 2011!”
Em seguida, aplausos, sorrisos daqueles amigos, da família que eu conquistei na escola, os únicos que entendiam realmente o significado daquelas palavras, riam e choravam, emocionados.
Assim que peguei o diploma, fui recebida pelos braços de meus pais e amigos, deixando para o final, aquele a quem eu pensava enquanto escrevia o discurso.
Com um “parabéns” sussurrado em meu ouvido, Leonardo depositou um beijo em meu rosto e brindou-me com aquele sorriso ao qual eu era apaixonada.
Logo seguimos em direção à minha casa, onde no quintal ao fundo da residência, seria realizado o almoço para mim e meus amigos. Eu só não esperava que houvesse outra surpresa.
Tudo estava indo bem, minha mãe chamou a todos para a grande mesa no centro do quintal, onde todos se sentaram. Ela disse breves palavras sobre a formatura e agradeceu a presença de todo mundo. Quando ia dizer que já podiam se servir, levantando da cadeira, eu interrompi.
-Eu... Bem... Tenho algo a falar. – meus pais olharam-me espantados. – Metade dos presentes já sabe o que eu quero falar hoje e me apóiam. Então, eu gostaria profundamente que vocês me escutassem.
-Claro querida, diga! – incentivou minha mãe.
Nesse momento, Leonardo se levantou e ao meu lado segurou minha mão.
-Eu gostaria de anunciar que eu estou namorando. – disse com um sorriso.
-Ah, meu Deus! – disse minha mãe olhando de mim, para Leonardo, intercalando os olhares, chegando a nossas mãos unidas.
-Como é que é? – disse meu pai
-Ah, já estava na hora de assumirem mesmo! – disse minha irmã sorrindo pra mim. – E, já que ela contou isso agora, quero dizer também, que eu e Rodrigo vamos ter um bebê!
Dessa vez fora eu quem exclamou o “Ah, meu Deus”!
É hoje que o meu pai iria surtar.
Independente de todas as circunstâncias ou situações, os almoços, jantares e reuniões em família são necessários e próprios para se discutir problemas e dar noticias, boas ou más.
Claro que, tecnicamente, se você tem um pai que não gosta de ouvir que suas filhas estão crescendo, essa ocasião familiar vira um problema gigantesco, com direito a vozes exaltadas e lágrimas.
Felizmente, uma hora ou outra, será necessário aceitar as mudanças da vida. E hoje, enquanto curso a faculdade de Letras, Leonardo na de Administração, meu pai concordou com o nosso relacionamento e está super babão com a filha grávida, cuja barriga já se encontra evidente.
Correndo riscos ou não, os almoços em família sempre são as melhores opções, e se sua família for bem tolerante, na hora do jantar tudo estará bem novamente!
Já nos conhecíamos, temos muitos amigos em comum, mas nunca havíamos nos visto de outra forma que não como amigos, até uma festa na casa de uma amiga, dias antes do Ano Novo.
Viramos muito amigos para logo em seguida engatar um namoro. Até aí tudo certo, o problema era que eu não sabia o que meus pais, principalmente meu pai iria pensar.
Entramos num acordo, onde – se ainda estivéssemos juntos – contaríamos aos meus pais em minha formatura, onde estaria me tornando mais independente e poderia tomar minhas próprias decisões.
Eu só não contava que meu pai fosse surtar quando minha irmã mais velha, Mariana, de 25 anos anunciou que estava noiva! Ela namorava Rodrigo desde a época da escola, e meu pai sempre gostou dele por ser responsável, ter projetos futuros e uma estabilidade financeira aos 18 anos.
Ela havia me contado tudo, sobre o pedido, mostrado a aliança, sobre o quão romântico ele havia sido e que teria de contar logo para o papai.
Confesso que o jantar foi ideia minha! Era óbvio que para dar uma noticia dessas, era necessário algo que reunisse todos para que fosse dito tudo de uma vez.
Mariana adorou a ideia e decidiu que cuidaria de todos os detalhes, desde os pratos a serem servidos, até a decoração da mesa, assim como foi para a cozinha com a ajuda da empregada da casa preparar todos os pratos.
Os convidados? Além de meus pais e eu, Mariana chamou os pais de Rodrigo e o irmão mais velho dele, que já era casado, aos seus 36 anos.
Corria tudo muito bem, até após o jantar, na hora da sobremesa, onde os dois acharam que seria o momento oportuno para anunciar as “boas novas”!
Ledo engano!
Meu pai se engasgou com o bolo, minha mãe cuspiu o suco todo e eu comecei a dar risadas!
Por que minha família tinha que ser tão complicada?
O primeiro pensamento de meu pai, depois de saber que Mariana também havia organizado tudo, assim que foi anunciado que ele havia a pedido em casamento, foi que ela estava grávida.
Como, em pleno século 21, alguém, pode ter esses tipos de pensamentos? Ninguém mais se casa somente por causa de uma gravidez!
Depois daquele jantar, fiquei com trauma e nunca mais ajudei a planejar nem um almoço para o fim de semana! E rezava, para que o dia de minha formatura demorasse muito a chegar!
Demorou longos dez meses, o tempo do noivado até o casamento, para que ele aceitasse que sua filha iria casar.
Só esperava que ele não surtasse quando eu contasse sobre Léo e eu.
Minha mãe estava animada! Havia recebido um telefonema do diretor para uma reunião e contava com a presença dela e de meu pai.
Claro que eu já sabia do que se tratava: uma reunião com os pais de todos os formandos, onde eram recolhidos fotos de infância, depoimentos dos familiares e dos amigos que serão exibidos no telão da festa e todo aquele blá-blá-bla...
Eu tinha coisas mais importantes do que se minha mãe chorasse no vídeo, tenho que me preparar psicologicamente para o almoço que acontecerá depois da formatura na escola, sendo a festa somente à noite, portanto, uma preocupação à parte.
Já o almoço em família que minha mãe estava organizando, contava com mais ou menos trinta pessoas, entre minha família, com tios, primos, os pais de Leonardo, que era considerado meu melhor amigo, minha irmã e seu marido, assim como alguns amigos que não iriam comemorar essa data.
Isso me apavorava! Tinha medo da reação dos meus pais e se fosse tão ou mais absurda de quando Mariana e Rodrigo noivaram, eu estou ferrada. Vai ser vexame publico para toda a família e para os amigos.
No dia de minha formatura, com meu discurso pronto, depois de todas as homenagens e dos discursos dos professores, me sai muito bem discursando.
Um frio na barriga estava presente, mas o jeito era encarar e que desse tudo certo.
Meu vestido era branco, tradição de oradora da escola, rendado e não muito curto.
Assim que cheguei, coloquei a beca vermelha, e fui ao meu lugar junto aos demais alunos. Leonardo estava bem ao meu lado, já que pela ordem de chamada da turma, eu sou a pessoa atrás dele.
Havíamos conversado pela manhã, onde ele me deu força para discursar na frente de todos e assumir nosso relacionamento aos nossos pais.
Assim que me sentei ao seu lado, com um sorriso e numa fala com os olhos, me dizendo que estava bonita, segurou minha mãe enquanto ouvíamos os diretores Nicholas e Kevin falar.
Ao chegar a hora do meu discurso, meio cambaleante, caminhei até o púlpito de acrílico localizado na outra extremidade do palco.
Assim que cheguei lá, vendo meus pais, comecei meu discurso, que apesar de curto, era direcionado para todos os presentes e eu tinha certeza de que Leonardo, meus amigos e, assim que eu lhes revelasse a “novidade”, meus pais também entenderiam minhas palavras.
“Bom dia a todos! Creio que alguns de você me conheçam, outros nunca devem ter ouvido falar e devem estar comentando: ‘Quem é essa louca de vestido branco que está discursando? ’
Eu sou Melissa Bittencourt, uma garota que hoje, sai muito satisfeita dessa escola, onde fez muitas amizades, conheceu muitas pessoas, que marcaram, de forma boa ou ruim.
Convivi com todos os professores dessa instituição e me sinto grata por ter conhecido tanto o lado profissional, nas aulas, quanto o lado afetivo, nas festas e confraternizações, onde pude estar conhecendo a família e perceber que os professores tem sim uma vida fora daqui, que eles também namoram, casam, tem filhos.
Com meus colegas, aprendi a valorizar as grandes amizades, aprendi a correr riscos e a guardar segredos, conquistei uma segunda família, que estaria comigo desde as festas mais badaladas, até aos almoços chatos e reuniões familiares, onde todos os seus parentes fazem questão de contar seus piores momentos e divulgar aquela foto de você na banheira.
Aprendi o quão importante são seus familiares nas horas mais difíceis, onde teve que pedir ajuda para resolver alguma questão matemática para a próxima aula, ou quando tinha que estudar para a prova algum assunto que não havia compreendido e contado com a paciência e dedicação dos pais nessa tarefa. Só eles para te agüentarem nos momentos onde você estava irritado por não ter conseguido uma nota boa na prova de Física ou de TPM.
O Ensino Médio nos preparou para o futuro, para o ingresso na faculdade, para a realização dos nossos sonhos.
Claro que sempre vai ter a turma do fundão, que te atrapalha o ano todo e no ultimo bimestre quer sentar com vocês para estudar, aqueles dias em que você quer jogar uma bomba em todo mundo, os dias em que sua imaginação está fluindo e você se imagina lá, no topo, no lugar que está reservado a você se for capaz, e onde ao seu lado, estará a pessoa mais importante, aquela em que você dividirá seus sonhos, e quiçá a vida, aquele que te deu apoio nos momentos mais críticos, aquele que esteve com você nos momentos onde tudo o que queria era ficar sozinha...
Não desista, esse não é só um namoro de Ensino Médio!
A todos que dividiram com alguém, seja a família, amigos, um amor, seja bem vindo ao seu futuro, que esteja disposto a passar por todos os desafios sem desistir, lute e seja um vencedor sempre!
Viva aos formandos do TRF 2011!”
Em seguida, aplausos, sorrisos daqueles amigos, da família que eu conquistei na escola, os únicos que entendiam realmente o significado daquelas palavras, riam e choravam, emocionados.
Assim que peguei o diploma, fui recebida pelos braços de meus pais e amigos, deixando para o final, aquele a quem eu pensava enquanto escrevia o discurso.
Com um “parabéns” sussurrado em meu ouvido, Leonardo depositou um beijo em meu rosto e brindou-me com aquele sorriso ao qual eu era apaixonada.
Logo seguimos em direção à minha casa, onde no quintal ao fundo da residência, seria realizado o almoço para mim e meus amigos. Eu só não esperava que houvesse outra surpresa.
Tudo estava indo bem, minha mãe chamou a todos para a grande mesa no centro do quintal, onde todos se sentaram. Ela disse breves palavras sobre a formatura e agradeceu a presença de todo mundo. Quando ia dizer que já podiam se servir, levantando da cadeira, eu interrompi.
-Eu... Bem... Tenho algo a falar. – meus pais olharam-me espantados. – Metade dos presentes já sabe o que eu quero falar hoje e me apóiam. Então, eu gostaria profundamente que vocês me escutassem.
-Claro querida, diga! – incentivou minha mãe.
Nesse momento, Leonardo se levantou e ao meu lado segurou minha mão.
-Eu gostaria de anunciar que eu estou namorando. – disse com um sorriso.
-Ah meu Deus! – disse minha mãe olhando de mim, para Leonardo, intercalando os olhares, chegando a nossas mãos unidas.
-Como é que é? – disse meu pai
-Ah, já estava na hora de assumirem mesmo! – disse minha irmã sorrindo pra mim. – E, já que ela contou isso agora, quero dizer também, que eu e Rodrigo vamos ter um bebê!
Dessa vez fora eu quem exclamou o “Ah meu Deus”!
É hoje que o meu pai iria surtar.
Independente de todas as circunstâncias ou situações, os almoços, jantares e reuniões em família são necessários e próprios para se discutir problemas e dar noticias, boas ou más.
Claro que, tecnicamente, se você tem um pai que não gosta de ouvir que suas filhas estão crescendo, essa ocasião familiar vira um problema gigantesco, com direito a vozes exaltadas e lágrimas.
Felizmente, uma hora ou outra, será necessário aceitar as mudanças da vida. E hoje, enquanto curso a faculdade de Letras, Leonardo na de Administração, meu pai concordou com o nosso relacionamento e está super babão com a filha grávida, cuja barriga já se encontra evidente.
Correndo riscos ou não, os almoços em família sempre são as melhores opções, e se sua família for bem tolerante, na hora do jantar tudo estará bem novamente!
© 2011 Letícia Kartalian. Todos os direitos reservados.
(essa "crônica" foi uma das 30 vencedoras do concurso literário Almoço em Família - Crônicas, e publicado na coletânea de mesmo título. Saiba mais aqui!)