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Resenha | O Resgate, de Nicholas Sparks


Não sou uma grande fã de Nicholas Sparks, não li mais que três livros do autor, mas O Resgate foi, por muito tempo, o meu favorito.

Talvez por ter lido lá no começo da minha vida de leituras, talvez por ter uma edição nacional em capa dura que é meu xodó, minhas memórias acerca desse livro eram sempre doces.

Com o novo filme baseado em livro do autor – que eu ainda não assisti, à propósito – lembrei desse, que eu sempre quis que virasse filme, o que, suspeito, nunca acontecerá; e baixei a nova edição para o Kindle.

Por que ele? Por que, de todas as crianças, isso tinha de acontecer com Kyle?

Denise Holton é mãe solteira de Kyle, um lindo garotinho de quatro anos que tem um problema com a fala.

Depois da morte de sua mãe e tendo que descobrir no que, exatamente, seu filho precisava de ajuda, ela se muda para a cidade natal de sua mãe, na Carolina do Norte, e para a velha casa de seus avós maternos.

Trabalhando num bar durante a noite para que pudesse estar com o filho durante o dia, ela sobrevive com muito pouco.

Sua vida cruza com a de Taylor McAden quando Kyle some num acidente de carro durante uma tempestade.

Taylor é quem encontra Denise desacordada e, como bombeiro voluntário, não mede esforços para encontrar o pequeno desaparecido, criando assim um laço não apenas com a mãe, mas principalmente com o filho.

Não vou generalizar e dizer que todos os livros do autor são assim, afinal eu não li a maioria deles, mas os filmes têm muito o clima desse livro: cidade pequena, onde todo mundo se conhece (e mesmo quem você não conhece te conhece), onde todo mundo se protege e se ajuda.

Sendo assim, talvez se não fosse o acidente, Denise e Taylor até se esbarrassem pela cidade. Talvez não. Mas a aproximação por causa do Kyle, que não tinha nenhuma referência masculina por perto e viu no Taylor a imagem de um herói, foi tão natural e leve que eu acho que esse é o ponto que me faz gostar tanto da história.

Denise estava acostumada a ver as pessoas ao seu redor tratar o filho de forma diferente por ele não conseguir se comunicar como as outras crianças da sua idade, porém, começando com Taylor, todas as pessoas na cidade tratavam Kyle como uma criança normal, o que contou muitos pontos com a mãe, além de o fato de que era recíproco o sentimento dele para com Kyle.

Eles se tornaram amigos, Taylor virou uma referência para Kyle – o que, em conjunto com o treinamento que Denise já fazia no filho, fez grande diferença no aprendizado e fala de Kyle.

E isso, junto à óbvia atração que ambos sentiam, foi o estopim para que Denise e Taylor fossem, aos poucos, se envolvendo.

Em seus instantes a sós, Taylor se via hipnotizado pela beleza simples e pela graça de Denise. Mas também havia momentos em que podia ver no rosto dela os sacrifícios que fizera pelo filho. Era uma expressão quase cansada, como a de um guerreiro depois de uma longa batalha nas planícies, e inspirava em Taylor uma admiração que ele achava difícil exprimir em palavras.

Só que um romance passageiro era tudo o que Denise não precisava em sua vida e na vida do filho. E, talvez, Taylor tivesse mais demônios escondidos em sua roupa de bombeiro do que ela pudesse prever e ele pudesse explicar.

Quando eu terminei esse livro recentemente, pensei: “Era só isso?”.

Digo, foi uma leitura boa, valeu à pena a releitura, eu já sabia o que esperar, mas eu achei que ficou meio injustificado o motivo pelo qual esse era o meu livro favorito do Nicholas Sparks.

É claro que eu mudei muito da primeira vez que li esse livro – em algum momento entre 2011 e junho de 2012 – para cá, mas acho que foi o que eu disse no começo: eu guardei uma memória boa do livro, continuo gostando dele, mas o que talvez eu não tivesse percebido naquela época, ou não tivesse maturidade o suficiente para opinar contrariamente se sobressaiu agora.

Eu achei que a Denise se acomodou muito, já que a relação com o Taylor era meio incerta. A partir do momento em que ela soube que havia algo de errado, ela errou ao não confrontar Taylor logo de cara. Eu a julguei por algum tempo, mas então pensei: “caramba, é muita coisa para ela administrar sozinha e ela via no Taylor um companheiro”. Isso se amenizou um pouco. Não é errado uma pessoa precisar da outra. E Denise passou por muita coisa sozinha, sem família alguma por perto, antes de se sentir pronta para dar um passo a mais com alguém como o que ela queria dar com Taylor.

Sabia intuitivamente o significado do toque de Taylor, as palavras que ele não dissera. Não porque o conhecesse muito bem, mas porque se apaixonara por ele no mesmo instante em que ele se apaixonara por ela.

Taylor errou. Por não querer largar o osso, mesmo quando não se sentia bem nem para lidar consigo mesmo, e por acabar descontando numa criança que não tinha nada a ver com seus problemas pessoais.

Ele queria fugir.

Como vinha fazendo desde a infância.

E, como o próprio autor diz no F.A.Q sobre o livro quando perguntado sobre o assunto, nada faria Taylor ser resgatado de seu passado. Nem mesmo Denise ou Kyle poderiam ajuda-lo quando ele nem mesmo queria enxergar a verdade. A não ser isso. E, mesmo assim, foi difícil para o personagem. Bom, Nicholas Sparks não seria Nicholas Sparks sem um pouco de drama desse tipo, não?

Por último, mas não menos importante, talvez Kyle tenha evoluído rápido demais. Mas talvez o tempo tenha passado sem que eu percebesse. E o autor tem experiência no assunto, visto que passou pelo mesmo com um de seus filhos.

Ainda espero que, um dia, O Resgate seja adaptado para o cinema.

O livro possui todos os pontos que os livros e filmes dele têm como marca: amor, paixão, o charme de uma cidade pequena, um mocinho com problemas do passado e uma mocinha que também já passou por alguns problemas na vida. Pode não te fazer chorar, mas vai te fazer querer bater no Nicholas Sparks e, com certeza, se apaixonar por Denise, Taylor e, principalmente, pelo fofo do Kyle.

Título: O Resgate

Título Original: The Rescue

Autor: Nicholas Sparks

Editora: Arqueiro

Ano: 2015

Classificação: 4/5

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