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Leia os primeiros capítulos de Enquanto Nevava


Que eu acabei de lançar um livro novo, você já tá sabendo. Mas que tal degustar as primeiras páginas desse romance pra saber se vale a pena baixar na Amazon?

Disponível no Wattpad, no ou para download, resolvi liberar Prólogo + 2 primeiros capítulos de Enquanto Nevava aqui no blog também. Assim você escolhe a melhor maneira de imersão na história da Stephenie e do Brandon.

 

This is a place where I don't feel alone

This is a place where I feel at home

Cause, I built a home

For you

For me

Until it disappeared

From me

From you*

THE CINEMATIC ORCHESTRA — To Build A Home

LÁ FORA, UM nevoeiro nublava o céu de tempo fechado. Não era possível se ver as estrelas, ainda que soubesse que elas estavam ali, assim como a lua, observando as dúvidas inundando meus pensamentos. A neve, límpida e pura, que caía do lado de fora da janela carregava meu peso com ela e cada minúsculo floco de neve que tocava o chão aumentava a sensação claustrofóbica da impotência. Então, eu respirava fundo e sentia o perfume dela e todo o resto adormecia, só meu coração retumbando no peito dava sinal de existência. Os longos cabelos bagunçados de Stephenie cobriam os meus ombros, sua cabeça tocava meu queixo e, aconchegada confortavelmente em meu peito, sua respiração era lenta.

Não tinha muito tempo que ela tinha adormecido, mas era pouco o período que tinha sobrado pra que eu a segurasse assim, junto de mim. O dia estava para amanhecer e logo eu precisaria voltar para o meu quarto antes que o resto da casa despertasse. Mas, por enquanto, eu a tinha. Minha garganta se apertou. Só não sabia se duraria.

O que sabia era que eu precisava escolher ficar de bem com a minha consciência, ainda que isso custasse caro. Para mim e para Stephenie. Mas amanhã seria o dia — o que eu vinha dizendo a mim mesmo há uma semana, porque eu não tinha conseguido aplacar a saudade, um mês longe um do outro tinha sido o suficiente.

Gostaria de poder parar o tempo, congelar tudo só pra que nós dois ficássemos eternizados daquele jeito. Por agora, eu fingiria não sentir o incômodo caroço sob minha cabeça no travesseiro, pensaria no quão emocionante era reviver o início do nosso relacionamento nos mantendo em segredo, nos esgueirando pro quarto do outro e aproveitando beijos furtivos pelos cantos. Era uma loucura.

Mas era uma loucura que valia a pena.

Porque o amor, quando verdadeiro, valia sempre a pena...

Menos de vinte e quatro horas depois, uma nova tempestade abalou o meu mundo de uma maneira definitiva e... Irreversível.

*Esse é um lugar em que não me sinto sozinho / Esse é um lugar onde me sinto em casa / Porque, construí uma casa / Para você / Para mim (Construir uma casa)

 

Lights around the tree

Mama's whistling

Takes me back again

There's something ‘bout December*

CHRISTINA PERRI — Something About December

SOB AS LUZES que se ascendiam e decoravam praticamente toda a rua, lentamente dirigi meu carro através dos cruzamentos, afastando-me da igreja que tantos anos atrás me apresentara a uma nova vida e onde havia sido o local de minha primeira parada na volta para casa.

O toque das quatro rodas suavizado pelos resquícios de neve que encobriam o asfalto apenas fazia aumentar a nostalgia que me invadia junto às lembranças da minha adolescência naquela pequena cidade, reavivando-as a cada esquina ultrapassada. Quantos rostos de aparência conhecida meus olhos poderiam pescar entre os borrões de neve ao percorrer o caminho até o meu destino?

Ah, a neve!

Mais branquinha e macia que a que vi nos últimos anos em Nova York, provavelmente por conta do ar límpido e da pouca poluição desse recanto montanhoso. Havia certo charme e magia que a grandeza da Big Apple não conseguia alcançar, definitivamente.

Os flocos brancos congelados caíram torrencialmente durante a madrugada e por toda a manhã de uma maneira que, mesmo quando o céu abriu e um clima mais ameno se firmou, ainda não era possível dar por certeza a liberação das estradas e eu cheguei mesmo a pensar que precisaria pernoitar em um hotel qualquer de beira de estrada. Para os moradores da vila e, é claro, para os visitantes que já se encontravam dentro do portal, nem mesmo a nevasca de uma noite inteira, o ar gélido ou os graus quase negativos marcados no termômetro impediriam que as festividades dessa cidade que respirava o Natal prosseguissem.

Diminuí a velocidade do Camry até parar ao avistar um coral que, passeando de porta em porta, entoava belas e conhecidas carols — canções de Natal. Afinal, não era à toa que a cidade levava o nome de Carol’s Village. A música era muito viva no coração de seus moradores, especialmente na estação mais fria do ano. O grupo fazia a alegria de quem estivesse por perto; uma senhora, aparentando idade bem avançada, os acompanhava não cantando, mas seguindo o ritmo com o balançar de um sino.

Eu quase pude me ver em meio àquelas pessoas. Contagiada pelo momento bom que vivia e pela emoção que essa época do ano sempre trazia ao meu coração, cantando Happy Xmas e levando a alegria e o espírito natalino para quem estivesse precisando. Os trajes vermelhos com a gola branca por cima da roupa, cortesia da igreja, completavam a composição que sempre deixara para a imaginação estarmos espalhando amor e esperança uniformizados e a serviço do próprio Noel.

Parecia lembrança de uma outra vida.

E talvez realmente fosse.

Quando o ar congelante já havia dominado todo o interior do carro, levantei o vidro, aumentei o aquecedor e, saindo da Avenida Principal, continuei seguindo meu caminho até a suntuosa construção ao final da rua, quadras adentro, o casarão onde eu crescera física e emocionalmente de meados da adolescência até o início da vida adulta.

Imponente como só ela, a mansão — que, na verdade, nem parecia tão homérica quanto eu pensava ser quando mais nova — permanecia exatamente a mesma de seis anos antes, com sua pintura nitidamente impecável e a mais bela decoração de Natal da rua, quiçá a mais encantadora da cidade. Construída aos poucos junto com a história de seus primeiros moradores ao resolverem fincar os pés nos Estados Unidos e estabelecer uma família, a casa antiga já guardava memórias de três gerações.

Com luzes brancas delicadamente contornando o telhado, os corrimãos das escadas, cada uma das vigas e também adornando o jardim, tudo era muito bem estruturado, elegante sem perder a essência familiar e com um toque pessoal que somente alguém com um pé no mundo das artes poderia ter idealizado. Renas brancas contornadas por LED dividiam o espaço com o jardim de inverno; no portão de ferro na entrada, bem como nos detalhes das janelas, o branco dos laços e o verde do festão dominavam a composição e antes mesmo de estacionar logo à frente, eu já ansiava em saber como havia ficado a área interna da casa.

Senti a palma de minhas mãos molhadas ao volante, o nervosismo tomando conta de mim sem que ao menos soubesse explicar o porquê.

Com uma olhadela no painel e estando devidamente sincronizado com o relógio de ponteiros na magistral torre da igreja, mais atrás, passava poucos minutos das cinco da tarde, e eu fiquei contente de ter conseguido chegar bem a tempo do jantar.

Ao sair do carro e fincar os inexistentes saltos da minha bota na neve, ergui a cabeça e afirmei para mim mesma, mentalmente, que estava tudo bem eu estar ali. Não era nenhum crime hediondo ter encontrado o meu caminho de volta depois de tudo. A filha pródiga.

Mal dava para acreditar como, às vezes, esses seis anos pareciam uma mudança de estação, enquanto em outras vezes cada dia parecia um ano inteiro de saudade de quem fez com que eu sentisse verdadeiramente pertencer a algum lugar.

Suspirei.

—Vamos lá, Stephenie. Coragem!

Costumeiramente, haveria uma ou duas pessoas trabalhando nos arredores que poderiam permitir a minha entrada, mas sabia que, estando tão perto assim do Natal, todos os colaboradores da casa estariam com suas próprias famílias e, com exceção de um único funcionário que estaria lá para guardar e proteger a integridade física da matriarca — vulgo, babar o ovo —, eu encontraria apenas o clã González ali recluso.

Por isso, respirei fundo o ar gelado algumas vezes, fui até o pequeno aparelho interfone com câmera e apertei o botão, que fora atendido tão logo começara a chamar.

Sorri para a câmera ao ouvir a voz grossa e comedida atender e acenei com uma das mãos, enfiando a cara na frente da minúscula lente, tendo rapidamente a minha entrada liberada. Empurrei o portão após o clique e segui o caminho das pedras, sendo bombardeada por mais dessas memórias antes que eu atingisse a porta ornamentada. Memórias essas que eu tinha certeza de que me acompanhariam por quanto tempo durasse a minha estadia ali.

Já aberta à minha espera, o cheiro que vinha da porta adentro me recebeu primeiro. Uma mistura de aromatizantes, um perfume tão característico de árvore fresca, canela suave e comida caseira, a combinação única e perfeita para aquela época do ano e que despertava tantos sentimentos bons. Mais do que nunca, eu os reconhecia como cheiro de casa.

Fechei os olhos por alguns segundos, aspirando bem fundo, mas antes que eu pudesse abri-los novamente e dizer qualquer coisa ao homem impecavelmente bem vestido segurando a porta, um peso me jogou para trás e foi por muito, muito pouco que não fui ao chão.

As patas do cachorro que, por reflexo, eu segurei ao mesmo tempo em que inclinava o corpo pra frente, eram do tamanho das minhas mãos. Ao sentir firmeza, encarei o animal de porte mediano ainda meio assustada pela abordagem abrupta e tão... canina, sem entender de onde diabos ele havia surgido. Não demorou muito e a língua para fora me alcançou no rosto e ele me beijou como se eu fosse uma velha conhecida. Eu não era.

—Calvin! Para trás! Desce! Agora! Calvin, pare já com isso! — Sebastian, o “guardião”, tentou, mas sem firmeza e já alguns passos atrás do que estava anteriormente.

—Tudo bem, Seb, está tudo bem.

Eu posso ter feito uma careta para o mau-hálito canino que vinha direto para as minhas narinas, mas eu não me importava tanto e tudo o que fiz foi direcionar suas lambidas afetuosas para outra parte do meu corpo, dando uma das mãos para que ele pudesse amar.

As duas patas frontais do Golden Retriever deslizaram e pousaram um pouco mais abaixo em meu corpo por cima dos jeans e eu pude usar a outra mão para acariciá-lo na cabeça, deixando leves tapinhas na região e sentindo seu pelo macio. Ele desceu, voltando a tocar o chão com as quatro patas e, permanecendo com a cabeça baixa, foi a minha vez de agachar e aproximar o meu rosto do dele. Não havia coleira em seu pescoço, como constatei ao afagá-lo, mas a marcação indicava que ele deveria usar uma com certa frequência.

—Ele só quer um pouco de carinho, certo? Bom garoto, Calvin, bom garoto. — levantando-me, finalmente pude cumprimentar Sebastian.

—É bom vê-la novamente, senhorita Salazar. A senhora González e o resto da família sentiram muitíssimo a sua falta. — ele disse de forma séria e comedida, retomando a sua postura com um dos braços para trás e blá-blá-blá. Era incrível que, mesmo me conhecendo desde que eu era uma pirralha, ele continuasse mantendo essa distância física e emocional que ele achava que deveria manter de todos os visitantes, mesmo que eu fosse praticamente da família.

Sebastian havia feito parte da minha adolescência, num tempo em que tanto Edgard González — ou simplesmente Pops —, era o homem mais velho da casa, quanto os pais de Sebastian ainda eram vivos e se ocupavam do trabalho de olhar por Nanna e da ordem das coisas. Enquanto, para ele, restava a responsabilidade de controlar os hormônios que corriam soltos quando estávamos todos em casa. O que acontecia regularmente. Principalmente com todas as festas de final de semana orquestradas por Stephen e... Ele. Por isso o chamávamos de guardião, o que basicamente ele também fazia com Nanna, a senhora da casa.

—Feliz Natal, Sebastian. É muito bom vê-lo também. — abracei-o, e ele sorriu para mim meio sem graça, devolvendo o abraço e as palavras.

—Posso guardar seu casaco? — Ele me ajudou a retirar a vestimenta pesada junto com o cachecol que eu usava. —Eu tenho certeza de que você não precisa que eu lidere o caminho, mas seria uma honra fazê-lo mesmo assim. Por aqui. — gesticulou com o braço e eu ri.

—É claro, obrigada.

O Golden não se afastou de mim, muito pelo contrário, sentara-se colado às minhas pernas e, quando Sebastian seguiu na frente, guiando o caminho através do longo corredor, cujas paredes eram todas preenchidas com composições de belos quadros e fotografias da família, o cachorro acompanhou no mesmo passo, até chegarmos à sala de estar, onde eu esperava que os González estivessem reunidos.

Menos ele.

Eu não fazia ideia de quantas coisas novas encontraria quando pisasse naquele cômodo, seis anos representava uma vida. Mas, se havia algo que eu tinha a mais absoluta das certezas era sobre a ausência dele. Afinal, aquele era o único motivo pelo qual eu havia finalmente aceitado os pedidos insistentes e incessantes dos González em voltar neste Natal.

*Luzes em volta da árvore / O assobio da mamãe / Me leva de volta novamente / Há algo no mês de dezembro (Algo sobre Dezembro)

 

And so this is Christmas

I hope you have fun

The near and the dear one

The old and the young*

CHRISTINA PERRI — Happy Xmas

SE EU HAVIA sido encantada pela decoração externa, a decoração interna só poderia ter me feito babar.

Compondo o ambiente, desde as velas acesas entre porta-retratos com fotos de alguns dos Natais da família acima da lareira, destacando cada uma das meias penduradas, até os detalhes em festão que seguiam o contorno das cortinas, ornamentados com pinhas, via-se o cuidado nos trabalhos manuais.

A estrela da sala era, é claro, o alto e robusto pinheiro — e verdadeiro, em contraponto às árvores de plástico que me fizera companhia nos últimos Natais —, que, valendo-se do pé-direito alto, ocupava um lugar próximo à escada que levava ao segundo andar da casa, perfeitamente arranjado em branco, prata e toques de vermelho, que harmonizavam com o verde quente e ainda vivo das folhas da árvore.

As luzes brancas desciam em cascata pela escada, assim como também abrilhantavam e davam todo um charme especial para a árvore, onde mais pareciam estrelinhas piscando no céu. Tão distante quanto era possível das árvores de Natal de outrora, em que as correntinhas vermelhas e douradas eram intercaladas com as luzes coloridas e enfeites que fazíamos à mão sob a supervisão dos mais velhos, o ar sóbrio e requintado da atual decoração era o suficiente para eu saber que havia a mão de Ester em cada faixa, bola e laço que combinavam com os penduricalhos em formato de anjo e Papai Noel. E exemplificando que as crianças haviam crescido.

Não era, em definitivo, o que eu esperava.

Era familiar sem ser, me aquecia por dentro e eu não apenas sabia, mas sentia, que tudo aquilo representava a minha casa. Casa, sim. Ainda que o meu tempo longe dela fosse equivalente ao que passei vivendo aqui.

Deixando a minha rápida inspeção à decoração de lado e focando no que realmente importava naquele ambiente, esperei um total de três segundos até ser notada.

—Gêmea! — A voz grave e potente de Stephen surgiu num grito forte.

Sim, ele anunciou a minha chegada a plenos pulmões, como se estivesse em meio a uma multidão.

Sentado numa das poltronas laterais, ele tinha aquele sorriso meio bobo no rosto, um que eu conhecia bem. Não da maneira inesperada que talvez eles supunham, sorri com a visão da loira de olhos claros que estava praticamente sentada em seu colo, os braços fortes dele ao seu redor, como se a esquentasse com o suéter azul e vermelho que escondia o seu monte de músculo.

Em dias normais, um de nós teria se movido automaticamente. No entanto, tudo pareceu lentamente diminuir até parar e eu pude quase sentir o gosto do momento na boca.

Como quem pedia licença ao dar dois toques espalmados em uma das pernas de Karin que cobriam as suas, retirando-as com uma das mãos, observei Stephen pular do estofado ao mesmo tempo em que Ester surgia da cozinha, a surpresa brilhando em seu olhar ao me encarar, ainda parada na linha de divisão entre o corredor e a sala de estar.

—Stephenie! — Ela prontamente deixou de lado a garrafa de vinho e a taça de cristal que carregava, depositando-as na mesa de jantar, e veio de encontro a mim. A estrutura masculina era muito mais alta que as das duas mulheres no recinto e eu jurava que se não fosse o carpete forrando todo o piso daquela área da casa, os passos de Stephen vindo em minha direção teriam retumbado na madeira, graças à musculatura avantajada que ele chamava de corpo.

Pela distância, ele também teria me alcançado primeiro, mas vendo a incredulidade na face da mãe, permitiu que fosse ela a responsável por me dar as boas-vindas.

Ester abraçou-me forte e calorosamente, as mãos acariciando meus cabelos num momento em que palavras não eram necessárias. Quando nos afastamos, ela segurou o meu rosto e brindou-me com o sorriso que mais me deu esperança na vida, o olhar emocionado fixado no meu.

Eu encarei-a de volta e balancei a cabeça.

Sentia aquilo também. A vibração, a emoção, o coração disparado e um aperto bom no peito, aquele que a gente sente quando ele está completamente preenchido depois de tanto tempo meio vazio.

—Bem-vinda de volta, querida. — ela sussurrou com a voz embargada. Era recíproco. Parecia ter um bolo em minha garganta. Juntei saliva, engoli em seco e pigarreei, conseguindo dizer, no mesmo tom:

—Obrigada pelo convite. É muito bom estar de volta.

—Tsc, até parece que você precisa de convite. — ela sorriu, uma mão na cintura. — Você é da família! E as portas dessa casa estarão sempre abertas para você.

A Ester Adkins-González da minha memória era exatamente a mesma que a de carne e osso bem na minha frente. Os olhos escuros brilhavam sua doçura, o coração tão bom e que sempre cabia mais um. Quem havia me recebido uma e outra vez de braços abertos — figurativa e literalmente falando — e me estimulado em muito mais do que um aspecto de vida estava inteiramente ali. Os anos a mais não se mostravam nela também.

Tendo um dom para artesanato e decoração como hobby e a pintura e a escultura como ofício — e todo canto que se olhasse da casa haveria elementos indicando isso —, vinha dela toda a influência e inspiração para as minhas peças e, mesmo que ela talvez não soubesse, era a responsável por eu ter tido, seis anos atrás, um norte a seguir.

Soltei um suspiro alto, como se estivesse prendendo a respiração, sentindo lágrimas de felicidade e saudade despontarem em meus olhos. Piscando rapidamente, percebi a atenção de Stephen e Karin em mim, e eu esperava que meu rosto estivesse refletindo os sorrisos em suas tão familiares faces. Aberto, brilhante, feliz.

—Todos estavam se perguntando se você realmente viria este ano. — Ester olhava-me atentamente, meu rosto sendo acariciado por suas mãos.

—Não é sempre que recebo um convite formal pelos correios.

—Se soubesse que bastaria enviar um convite impresso pra uma de minhas exposições pra você aparecer, teria feito antes. Nós sentimos tanto a sua falta.

—Eu também senti a falta de vocês, Ester. Eu também.

—E eu também. — A voz de Stephen soou muito próxima, e em um segundo eu estava no chão e no outro, flutuava no ar, os braços dele me circundando como duas paredes de concreto. Só que quente. Stephen pegou-me no colo e rodopiou comigo ao redor da sala, como nos velhos tempos. —Quem é viva sempre aparece!

—Uou, grandão! Ponha-me no chão agora! — eu gritei.

Calvin, que havia se deitado em algum lugar perto da árvore, latiu para Stephen e chegou a rosnar para o dono.

—Parece que você encontrou um protetor. — Stephen olhou para o cachorro. —Apenas brincando, Calvin. Relaxa, garoto. — e então voltou-se para mim novamente. —Ainda com medo de altura, Stephenie? — ele gargalhou, me segurando no ar um pouco mais antes de colocar meus pés por cima dos seus.

—Sempre.

Stephen, o filho mais novo de três, mesmo que fisicamente ele aparentasse ser o mais velho, era provavelmente o González que mais se esforçou para quebrar o gelo quando essa casa e essa família passaram a fazer parte da minha vida. Ele gostava de ser paparicado como um bebê, na época, nem se importando que pudesse parecer ridículo por causa disso, tanto quanto gostava de paparicar. Não que tenha sido diferente com o resto dos González, mas ele me recebeu quando a minha guarda estava baixa e me embalou em seus braços como se eu fosse a irmãzinha que ele não teve e, apesar de não admitir na época e até fugir dele, esse calor era tudo o que eu poderia desejar.

Pela proximidade da grafia em nossos nomes, brincávamos o tempo todo sobre sermos irmãos gêmeos, apesar de eu ser alguns anos mais velha que ele. Eu nunca tomei os outros dois filhos de Ester e León por irmãos, mas era diferente com Stephen e assim ficou.

—Resolveu deixar a barba crescer, gêmeo?

—É pra fingir uma maturidade que ele não tem. — brincou Karin, enquanto Stephen deixava as covinhas à mostra num sorriso, mesmo que quase encobertas pela penugem bem aparada em sua face. Marca registrada dos homens González, as covinhas representavam um perigo à sanidade de qualquer uma, juro. Karin passou a mão no rosto dele, as unhas pintadas de vermelho sangue, arranhando a região. — Mas eu gosto.

Depois de ter bagunçado o meu cabelo, Stephen tirou-me de seus pés e parou ao lado de Karin, novamente abraçando-a pela cintura e carregando um sorriso ostentosamente gigante na face. Usando uma calça jeans, pés cobertos por uma meia de bichinhos e um suéter vermelho que parecia ter o dobro de seu tamanho, provavelmente emprestado de Stephen, Karin continuava a mesma dos pés à cabeça, sorrindo para mim com aqueles dentes perfeitamente brancos.

Encarei Stephen com a sobrancelha arqueada.

—Então, vocês estão juntos agora? — joguei, mesmo que fosse óbvio.

—Digamos que Karin tentou, mas não conseguiu resistir ao meu charme...

—Ha-ha-ha. Muito engraçado. — A loira fingiu rir, sarcástica, revirando os olhos. — Ele era um chato insistindo o tempo todo por um encontro. — ela fingiu ser esnobe. Combinava com seu jeito e com a maneira que ela se vestia, mas, a não ser que as coisas tivessem mudado drasticamente em três anos — o tempo que estava para completar de sua visita à minha casa em Nova York — não a representava de nenhuma maneira. Não existia pessoa mais espalhafatosa e mais acolhedora que Karin Hale.

—E é claro que ela gamou no meu jeito descontraído e babou pelo meu corpão gostoso.

—Menos, Stephen González. Bem menos. — Karin abraçou-me apertado. — Eu senti sua falta, vadia!

—Também senti sua falta e não me faça xingá-la de volta quando Ester está bem ali ao lado. — dei um tapinha em sua bunda, sorri e pisquei.

Digamos que Karin nunca foi, exatamente, um exemplo do que a sociedade entende como uma moça de família, bela e recatada. A fofoca e o julgamento que sempre rolaram soltos na nossa época de Ensino Médio eram de que, na posição de líder de torcida, todos os jogadores do time já haviam conseguido traçá-la. Era uma inverdade, mas chegava bem perto disso. No entanto, isso não importava, nunca importou. Não para mim ou para Nina, o terceiro ponto do nosso triângulo.

Não deveria ser da conta de ninguém o que Karin fazia ou deixava de fazer ou, usando uma linguagem mais clara, para quem ela dava ou deixava de dar.

Senão outra coisa, esse período aproximou a nós três como nunca.

Como melhores amigas, Nina e eu não podíamos permitir que as palavras chulas direcionadas a Karin continuassem até ultrapassar a linha tênue onde começaria a afetá-la. Adolescentes sabiam, sabem e sempre saberão como ser cruéis da pior forma existente.

A solução?

Xingarmos a nós mesmas, como se aquelas palavras fossem inofensivas. E, entre nós, elas realmente eram. Não posso dizer se os resultados seriam os mesmos com qualquer um, mas funcionou conosco e, vendo que esse tipo de xingamento não atingia Karin, ela conseguiu ter paz pelos últimos dois anos remanescentes no colégio.

Apesar de ser uma forma carinhosa de tratar umas às outras, e ter sido assim desde a época do Ensino Médio, era algo só nosso: meu, de Nina e de Karin; e não esperávamos que os adultos entendessem a nossa linguagem. Por isso e por respeito, eu sempre evitei, mais que as outras duas, usá-la na frente dos adultos.

—Cadê a Nina? — perguntei, afinal, após ter pensado nela, sentindo a falta de sua presença ali quando, mesmo na faculdade, ela seria a primeira a estar de volta em casa.

—Deve estar chegando. Vocês duas terão uma grande surpresa quando virem uma à outra. — ela respondeu, fazendo aquela cara de quando estava escondendo algo.

—Josh sabia que eu vinha, ele não disse a ela? O que eu não sei?

—Tenho certeza de que você vai perceber assim que ela entrar pela porta. — ela sorriu. — E Josh preferiu não contar, ele tinha medo que você acabasse desistindo de vir e isso a decepcionasse.

Eu entendia bem aquele sentimento e agradeci a Joshua por pensar assim.

A decepção me fez ir embora naquele Natal há seis anos e o medo de ainda me sentir daquela maneira me fez pensar em não aparecer. Mais de uma vez.

—Você veio de carro? — Ester perguntou da cozinha, ficando de costas logo depois de eu ter assentido em confirmação, pegando uma caneca no armário. — Uma nova tempestade de neve vem por aí, é melhor colocá-lo na garagem se veio para ficar.

Quando virou de frente para mim novamente, ela parecia esperançosa, o sorriso singelo no rosto, os olhos brilhando ao me encarar e eu soube que mesmo se não tivesse planejado ficar, ao vê-la assim teria mudado de ideia.

—É claro que eu vim para ficar. Até o Ano Novo, se estiver tudo bem.

—Mais do que tudo bem.

—Todo seu. — joguei a chave do carro para Stephen, que pegou com uma felicidade estampada no rosto que só os apaixonados por carros possuíam.

—Você ainda tem aquela lata velha? — ele sabia que eu não o deixaria dirigi-lo se fosse a minha antiga picape. Ele provavelmente tunaria o motor dela sem que eu soubesse. Neguei com a cabeça. —Não acredito que você finalmente tem um carro de verdade, Stephenie!

—Divirta-se colocando-o na garagem.

—Quer que eu traga alguma coisa de lá?

—Minha mala no porta-malas, por favor. O resto depois eu mesma pego.

—Tá na mão, maninha. — ele piscou. — É bom tê-la de volta para o Natal. As coisas não foram mais as mesmas sem você.

Stephen me abraçou mais uma vez, seu corpo praticamente cobrindo o meu em minha pequenez, antes de se afastar para roubar uma torrada da mesa, levando minhas chaves consigo.

—Eu nunca pensei que veria esse garoto falando tão seriamente nessa vida.

—É, ele faz isso às vezes, agora. — respondeu Karin, olhando com admiração na direção do namorado, que tinha ido ajudar a mãe a terminar de pôr a mesa. — Não conte a ele, mas eu prefiro quando ele fica todo crianção por algo estúpido.

—Acho que velhos hábitos não morrem mesmo, afinal.

—Bom, eu nem posso reclamar. No fundo, no fundo, foi desse jeitinho que eu me apaixonei por ele. — ela soltou um suspiro, me abraçando novamente. — Ah, Steph, temos tanta coisa para conversar...

—Eu sei. Sinto muito por ter me afastado dessa maneira. Dessa história toda, é provavelmente a única coisa que me arrependo. Ter ficado tanto tempo longe das pessoas que mais amo na vida.

—Eu também, não é a mesma coisa por telefone. Senti muito a sua falta. Todos nós sentimos e você provavelmente ainda vai ouvir muito isso hoje. — ela me abraçou bem forte, como se não me abraçasse há séculos e séculos.

—Onde está Nanna? — perguntei a Ester, quando ela me trouxe uma caneca de chocolate quente. Nesses anos todos longe, muita coisa havia mudado. A minha predileção por chocolate quente ao invés de café não, e eu só o deixava de lado por uma boa taça de vinho. Eu era tão viciada que tinha meu próprio modo de preparo da bebida.

—Na biblioteca. — ela respondeu, enquanto eu segurava a bebida com ambas as mãos, sentindo o aroma adocicado antes de tomar um bom gole. —León está fazendo companhia a ela e, provavelmente, tentando fazê-la vir para o jantar.

—Ela está bem? — preocupei-me.

—Está ótima. — disse Karin com uma gargalhada e Ester riu também. —Só ficando caduca. Você vai ver.

—Eu vou lá falar com ela. — eu disse, e Stephen gargalhou.

—Boa sorte com isso. Aparentemente, Brandon é seu neto favorito e ela anda rabugenta com qualquer um que tenta sequer dirigir-lhe a palavra. Mas diga que irei buscá-la pelo braço se ela não vier sozinha para o jantar.

Eu espantei o tremor com a menção ao nome dele e Stephen percebeu, encolhendo os ombros e sibilando um pedido de desculpas.

—Deixa de ser ciumento, Stephen, e vá colocar meu carro na garagem.

—Steph, — Ester chamou meu nome — Ainda não contamos a ela sobre a ausência de Brandon, León achou mais apropriado poupar a mãe até o último momento, então se o assunto surgir...

—E ele vai! — Stephen se intrometeu.

—Evite se aprofundar.

—É claro. — concordei. Aquele — ele — era o último assunto que eu pretendia que se estendesse naquela hora.

Sentindo-me à vontade o suficiente para vagar pela casa sem ter que pedir ou esperar que alguém se despusesse a me levar — como se eu não tivesse feito aquele caminho incontáveis vezes quando mais nova —, segui pelo longo corredor até o fim, onde eu sabia ficar a biblioteca.

Originalmente, o cômodo apertado e de paredes forradas com um papel de parede ornamentado em dourado costumava ser o escritório de León, que se transformou em uma sala de leitura quando eles expandiram a casa, adicionando um terceiro andar. O escritório fora facilmente transferido para um espaço maior, onde poderia contar com o silêncio, ou o máximo de silêncio que essa família permitia, bem como o quarto do casal — ambos os ambientes brindados com uma vista incrível de nascer e pôr do sol por detrás das montanhas que se espalhavam no outro lado da cidade.

Dei duas batidas de leve na porta antes de abri-la um pouco e enfiar meu rosto pela fresta.

León foi quem eu avistei primeiro. Atrás da mesa de carvalho, digitava freneticamente em seu laptop, dividindo espaço na mesa com uma infinidade de pastas e documentos.

Nanna estava sentada em sua poltrona de balanço, os óculos na pontinha do nariz e um livro em punho. Os traços ainda muito expressivos de Esmeralda González, apesar de atenuados pela pele enrugada, no alto dos seus noventa anos, não negavam sua descendência espanhola, apesar de ter sido bem longe da Europa, no México, a sua verdadeira casa. Era cedo para confirmar se as coisas ainda se mantinham como antigamente, mas a Nanna que eu conheci era adepta a exercícios matinais, tinha a hidroginástica e a caminhada como companheiras e não precisava da ajuda de sequer uma muleta para andar, sendo muito sã física e mentalmente, além de ser para lá de fashionista. Era difícil imaginá-la de outra forma.

—Steph! — León olhou-me surpreso, saindo de trás da grande mesa ao fundo da biblioteca. Vindo me cumprimentar, não demorou a saudar-me com um abraço tão forte quanto o que Ester havia me dado minutos antes. —Que surpresa e felicidade vê-la esta noite.

—Desculpe atrapalhá-lo e obrigada por me receber em sua casa. — eu disse.

—Você nunca atrapalha. Estava apenas resolvendo algumas pendências de última hora. E você é e sempre será bem-vinda em nossa casa, sabe disso. — ele deu uma piscadinha.

León González, mesmo passando dos cinquenta anos, conseguia ser charmoso e, sim, um gato!

Lembro-me de quando, muitos anos atrás, ele havia sido o meu primeiro amor platônico. Era completamente inocente, óbvio, mas sua beleza era inegável com aqueles cabelos castanho-dourados e o sorriso perfeito, gentil como eu nunca havia visto antes e um cavalheiro como nenhum outro. Era praticamente impossível não me deslumbrar aos treze anos e com todos aqueles malditos hormônios começando a entrar em ebulição.

Senti vergonha de mim mesma nesse tempo e não duvidava nada de que um vermelhão estivesse pigmentando as maçãs do meu rosto.

Mesmo agora, era notável como os anos lhe caíram muito bem e os fios grisalhos em seu cabelo conseguiam apenas deixá-lo ainda mais irresistível. Ester definitivamente passava bem e era melhor eu restringir meus pensamentos até aqui.

O encanto juvenil ficara no passado, passei a ver León como um pai, com toda a ligação que tive com a família e, mesmo com o meu afastamento, ainda guardava aquele sentimento fraternal construído durante a minha vivência ali.

—Soube que a vara da família ganhou um nome de peso. — comentei, me lembrando de uma das milhares de ligações e mensagens trocadas com Ester, em que ela tinha contado as boas novas.

—Pois é. — ele suspirou —Finalmente segui os passos do meu pai. Não queria ocupar o espaço sem merecimento e nunca tencionei ser juiz, então fiz o meu caminho. Mas estava na hora de parar de pensar em mim e pensar no que eu poderia fazer pelos outros. Como meu pai fez. O único ônus é que as crianças não escolhem quando vão ficar sem um teto, então estou de plantão quase que diariamente até o Ano Novo.

Um sorriso surgiu em meus lábios e orgulho preencheu meu peito. Edgard fora um bom homem que mudou a minha vida e se tinha alguém que saberia como continuar o legado dele como o próprio era seu filho.

O assunto mexia comigo, trazendo certa nostalgia, e León foi perspicaz ao perceber o movimento involuntário que acontecia dentro de mim e que transparecia do lado de fora e, trocando o peso de uma perna para a outra, mudou de assunto.

—Mãe, olha quem está aqui. É a Steph. — ele disse para a mãe, caminhando até onde ela estava, colocando ambas as mãos em seus ombros, parando lateralmente à sua poltrona.

—Eu sei. Estou velha, mas não surda e nem cega. — ela olhou para cima, para ele, por alguns instantes enquanto dizia isso, fazendo com que León e eu ríssemos com seu jeito rabugento antes de, então, ela virar-se para mim.

—Olá, Nanna. Como a senhora está? — ela sorriu quando me abaixei para falar com ela, ficando à sua altura.

—Oh, minha querida, estou bem. Brandon veio com você, não é? Por que ainda não veio me ver? E onde está o meu bisneto? — balançou a cabeça, como se aquilo fosse inconcebível. Um aperto em meu coração surgiu. Ela estava me confundindo. E aquilo doeu lá no fundo.

Minha respiração falhou e León fitou a mãe ao responder.

—Mãe, Brandon não veio com a Stephenie. Lembra-se...

—Oh, tem razão. Que boba, eu. — ela me encarou e, por suas feições, estava prestes a me repreender, quando eu interrompi.

—Stephen me disse que vem buscá-la para o jantar daqui a pouco, tudo bem?

Sem responder de imediato, encarou o nada e então fixou o olhar no meu.

—Estou esperando o Brandon voltar. Você acha que ele demora? — ela perguntou calmamente, com aquela vozinha fraca e que terminou de me quebrou por dentro. E que me arrepiou o corpo todo, dos pés à cabeça.

Olhei para León, sem reação, e ele balançou a cabeça, sibilando um “mude de assunto”.

Nanna me pegou de jeito, porque eu não fazia ideia do que dizer, então apelei para o assunto que costumava sempre distraí-la.

—A senhora está tão bonita. É um vestido novo? — perguntei.

—Sim, a Rainha Elizabeth II vestiu um igualzinho há não muito tempo. Magnífico, não?

—Sim, é mesmo muito bonito. — assenti, soltando um longo suspiro aliviado.

Depositei um beijo em sua testa e a rodeei com meus braços, virando-me para León logo em seguida, que imediatamente sinalizou a própria mesa com a cabeça, para onde seguimos enquanto Nanna voltava à sua leitura.

Dando uma geral na sala, constatei que, apesar das pilhas de livros na mesa terem aumentado e uma nova estante que seguia o mesmo padrão das demais — a madeira combinando com a da mesa — e que ainda estava em fase de montagem, fechando a última parede disponível do ambiente, todo o resto continuava igual. A invejável coleção de livros de romance de Ester ocupava bem mais da metade dos espaços nos nichos, mas os livros antigos de Direito de Pops dividiam algumas prateleiras com os de León, sobre o mesmo assunto.

—Desculpe por isso. Ela fica um pouco confusa, às vezes. Não quero que se sinta desconfortável, você sabe...

Eu sabia.

Mas estava preparada para esse tipo de situação. Ou, ao menos, pensava estar.

Não podia esperar voltar e achar que o nome dele fosse um tabu entre seus familiares.

—Não se preocupe. Pensei que Stephen estivesse brincando sobre isso lá na sala. — falei baixo, apontando Nanna.

—Ah, o desejo de todos nós. — León brincou. —Ela não fica assim o tempo todo. Tem menos de duas semanas que Brandon viajou, não é como se ele tivesse um ano longe, por mais que ela faça parecer que sim. Por algum motivo que desconhecemos e chamamos apenas de velhice, ela fica assim, mais sensível, nessas festividades de fim de ano. Ainda estamos nos acostumando a ouvir uma coisa num momento e cinco minutos depois ouvir exatamente o oposto.

—Os médicos não disseram nada sobre algo mais grave, Alzheimer, talvez?

—Não. Graças a Deus, não.

—Pessoal, Nina e Josh estão aqui! — A voz de Ester irrompeu pelo corredor. Nanna estalou a língua, o que fez com que León risse um pouco.

—Logo agora que a heroína está chegando ao Mississipi para encontrar o herói. — resmungou.

León balançou a cabeça e me encorajou a seguir em frente, dizendo que iria apenas terminar de redigir o e-mail em que trabalhava e partir para a incrível aventura de acompanhar a mãe a ir, à contragosto, até a sala.

Mais uma vez no corredor, eu estava a um passo do que eu imaginava ser a etapa mais difícil desse retorno. Prestes a encarar a parte resistente e a que mais importava para mim.

Era hora de reconquistar minha melhor amiga.

*E então é Natal, / Eu espero que você se divirta, / Quem está perto e quem é querido / O velho e o novo (Feliz Natal)

 

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Escrito por Letícia Kartalian

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