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Romance de Romance


E me apaixonar foi assim.

Como sempre disseram que seria, como eu sempre imaginei.

Quem diria que os livros estariam certos, afinal, e que as borboletas flutuando no estômago eram de verdade?

Soube bem que a balbúrdia em meu coração não podia ser controlada logo após o primeiro olhar. Aquele 43 que, uma vez, uma música descreveu.

Depois, veio o primeiro toque, singelo e delicado, mas apenas o leve encostar da minha pele na sua fazia tudo incendiar.

Quando a gente se encontrou naquele finalzinho de domingo, depois de você ter ido me buscar em casa e tranquilizado a minha mãe quanto a que horas me levaria de volta, não esperava que você me abrisse a porta. Ou que me guiasse pelo caminho ao rodear minha cintura, me fazendo rir baixinho e só para mim. Parecia que o conto de fadas era real, faltando apenas o famigerado cavalo branco.

Notando minha tentativa até que bem-sucedida de me embonecar, gostei que você fez parecer como se eu fosse a criatura mais bela que você poderia ter visto no dia. De como fez com que eu me sentisse especial.

Não pensei que veria tanta verdade no brilho do seu olhar e nem que seria capaz de enxergar, lá, o fundo de sua alma no simples contar de histórias.

Juro que não fazia ideia de que você pousaria sua mão na minha enquanto esperávamos pela sobremesa depois do jantar, ou que você me conhecesse o suficiente para saber que, dentre as opções do cardápio, a torta mousse de chocolate seria a minha escolha por ser a única com cacau na receita.

Então, quando você me deixou na porta de casa, a chave rodando no indicador e sem vontade alguma de dar a noite por encerrada, quem diria que eu aceitaria a aproximação, seu corpo avançando na direção do meu, na iminência de um beijo. Doce, cálido, morno e molhado. De fazer jus a todas as expectativas que eu não pensei que tivesse. Mas que eu tinha. Porque a gente sempre tem, não é mesmo?

E o beijo foi daqueles de levantar o pé esquerdo, de se sentir mais leve e nem mesmo notar o impacto do vento gelado, fazendo a saia bonita que eu vestia balançar.

O momento foi suspenso.

Fechei o arquivo.

Naquela noite, botei a cabeça no travesseiro com um sorriso de canto a canto no rosto, os olhos cansados querendo se fechar. Sentimentos à flor da pele. Demais. Mesmo para a escrita de uma simples cena de romance.

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Escrito por Letícia Kartalian

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