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Crônica | O primeiro beijo


Oi,

Lembra daquele beijo?

Aquele que a gente deu meio sem jeito, escondidinhos na parte mais deserta da escola.

Quando o nosso passatempo favorito durante o tempo vago era conversar sobre tudo e sobre nada enquanto caminhávamos pela escola. Até descobrirmos que observar os alunos mais velhos conversando baixinho, de mãos dadas, era tão interessante quanto nossas altas conversas sobre livros e jogos. Descobrimos que aquela parte da escola era uma zona proibida, que a privacidade de uma escada inutilizada era o cenário ideal para um beijo ou dois.

Então, do nosso voyeurismo, veio a vontade de experimentar.

Mas observação não tirou a nossa inexperiência, lembra? Como éramos desajeitados, não sabíamos onde colocar as mãos, se deveríamos fechar os olhos, o que deveria ser dito antes e depois, se você precisava tocar o meu rosto ou se evitava as espinhas em meu rosto.

Aí aconteceu, lábios secos nos lábios secos, e depois molhados, sem língua porque você achava estranho, então com língua porque eu quis e te surpreendi. Tão puro pela nossa inocência, mas tão cálido pela ânsia de saber como era, qual era o gosto, o que se sentia, entender porque que todo mundo fazia.

Você lembra como meus olhos não se abriram imediatamente depois que descolamos nossas bocas? Eu nunca te disse, mas era porque eu queria guardar cada detalhe na minha mente, e eu consegui, pois mesmo com os incontáveis beijos que trocamos ao longo dos anos, nunca esqueci o nosso primeiro.

Copyright © Letícia Kartalian, 2015. Todos os Direitos Reservados.

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